é um estrago e tanto. na área que recebe o grande lago que serve de reservatório da hidrelétrica, a natureza se transforma: o clima muda, espécies de peixes desaparecem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira podre debaixo da inundação… e isso fora o impacto social: milhares de pessoas deixam suas casas e têm de recomeçar sua vida do zero num outro lugar. no brasil, 33 mil desabrigados estão nessa situação, e criaram até uma organização, o movimento dos atingidos por barragens (mab). pode parecer uma catástrofe, mas, comparando com outros tipos de geração de energia, a hidrelétrica até que não é ruim. quando consideramos os riscos ambientais, as usinas nucleares são mais perigosas. e, se pensarmos no clima global, as termoelétricas – que funcionam queimando gás ou carvão – são as piores, pois lançam gases na atmosfera que contribuem para o efeito estufa. a verdade é que não existe nenhuma forma de geração de energia 100% limpa. “toda extração de energia da natureza traz algum impacto. mesmo a energia eólica (que usa a força do vento), que até parece inofensiva, é problemática. quem vive embaixo das enormes hélices que geram energia sofre com o barulho, a vibração e a poluição visual, além de o sistema perturbar o fluxo migratório de aves, como acontece na espanha”, afirma o engenheiro gilberto jannuzzi, da universidade estadual de campinas (unicamp). outro problema das fontes alternativas é o aspecto econômico: a energia , por exemplo, é bem menos impactante que a hidrelétrica, mas custa dez vezes mais e não consegue alimentar o gasto elevado das grandes cidades. por causa disso, os ambientalistas defendem a bandeira da redução do consumo. pelas contas do educador ambiental sérgio dialetachi, coordenador da campanha de energia do greenpeace, daria para economizar 40% da energia produzida no país com três medidas. primeiro, instalando turbinas mais eficientes nas usinas antigas. segundo, modernizando as linhas de transmissão e combatendo o roubo de energia. terceiro, retornando ao comportamento da época do racionamento, em 2001, com equipamentos e hábitos menos gastadores. tudo isso evitaria que novas hidrelétricas precisassem ser construídas, protegendo um pouco mais nosso planeta.
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